PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
NÚCLEO BAIRRO NOVO
CMEI JEQUITIBÁ
TURMA DO PRÉ
PROJETO DIDÁTICO APRESENTADO PARA O CURSO DO KIDSMART
Nome do projeto: Biblioteca do Mel
Área de formação humana: oralidade, leitura e escrita.
Faixa etária: 5 anos
Profissionais envolvidos: Adriano Vieira e Rilma Sant’Ana.
Resumo da prática para o blog
Desenvolvemos com a turma do Pré um projeto chamado “Biblioteca do Mel” em que realizamos o empréstimo de livros todas às sextas-feiras. Temos carteirinha, sacolinha e um mascote vivo que faz parte desse projeto. As crianças utilizam os diversos jogos do Kidsmart, sendo assim, propomos a digitação para confeccionar um livro de indicações literárias.
JUSTIFICATIVA
As crianças iniciam o aprendizado desde que nascem. Os bebês têm seu olhar atraído pelas cores fortes, com seis meses seguram objetos por mais tempo, levando-os a boca. Eles tocam, sentem, experimentam de diversas maneiras o objeto desconhecido, até o momento em que manifestam suas preferências por determinados brinquedos.
Com a idade próxima de cinco anos, já foi possível oportunizar uma grande quantidade de materiais, apropriando-se gradativamente do uso da cola, tesoura, tintas, manipuláveis como argila e massinha. Seus desenhos representam suas idéias, opiniões e sentimentos.
Com a Biblioteca do Mel, tem-se como intenção oportunizar o exercício da autonomia, em que a criança irá optar pelo livro que vai levar para casa. A família participará desse momento, enriquecendo-se com as mais variadas histórias, entrando no mundo da fantasia, possibilitando maior conhecimento sobre seus filhos, suas opiniões, desejos, pois, após a leitura podem surgir vários temas decorrentes.
“Todos temos necessidade de contar aquilo que vivenciamos, sentimos, pensamos, sonhamos... Dessa necessidade surgiu a literatura: do desejo de ouvir e contar para, através desta prática, compartilhar.” Educação Infantil, pra que te quero? (KAERCHER, 2001).
Tal citação reforça a importância das experiências vivenciadas pelas crianças, nas mais variadas expressões que possibilitem o exercício de ampliar seu aprendizado em todas os aspectos inclusive sobre si próprio e o outro, sentindo-se integrante do meio, já que presenciará pais e professores construindo juntos o hábito da leitura. Quando objetivamos propor um hábito, temos como intuito proporcionar ao educando o desejo de sempre encontrar tempo para se dedicar a leitura, pois se o fazemos ainda na infância, muito provavelmente ainda o façam na vida adulta, mas de forma alguma banalizar esse momento, como descrito de forma engraçada, porém verdadeira, no livro “Ostra feliz não faz pérola”, Rubem Alves, 2008, p.120:
“Perguntam-me: o que fazer para criar o hábito da leitura? Respondo: Nada. Não se deve criar o hábito da leitura. Hábito tem a ver com cortar as unhas, tomar banho... Os hábitos produzem ações automáticas. Um homem pode ter o hábito de dar um beijinho na mulher ao sair de casa estando com o pensamento muito longe dela. O que há de se fazer é ensinar as crianças a amar os livros...”.
Sendo assim, neste projeto quando escrevemos “hábito”, não tencionamos relacionar a “costume”, e sim, em “desejo de encontrar tempo para”.
Há alguns anos, apesar das minhas boas intenções, ao enviar o livro para casa, também mandava uma caderneta a fim de que os pais relatassem como foi a prática em casa. Fui alertada pela minha sábia pedagoga na época de que isso poderia não surtir o efeito desejado. Tempos depois, pude constatar de que ela estava certa, pois os pais “encaravam” tal prática como algo trabalhoso, fazendo com que eles se afastassem da proposta principal de ler para seus filhos. Foi quando me deparei com um texto de Rubem Alves no mesmo livro citado anteriormente, 2008, p.117: “Quer ensinar um jovem a odiar literatura? Dê-lhe, como dever fazer fichamentos de obras clássica. A tarefa de fichar o livro desvia o aluno do único objetivo da leitura que é o prazer. Eu estava em processo de mudança. Numa sala uma montanha de livros. Um dos carregadores olhou assombrado para os livros. Era certo que nunca havia visto tantos. E comentou: “Como deve ser difícil decorar todos esses livros...”. Aquele carregador diria em linguagem direta o que está dito na tarefa de fichar: ler é uma tarefa penosa. Em vez de fichamento, peça que o aluno fale sobre as ideias dele, aluno, que aquele livro o faz pensar. Para que fazer um resumo do livro se o livro inteiro já está escrito? Pavlov, cientista russo, mostrou que é possível fazer um cão salivar pelo simples toque de uma campainha. Sua lição se aplica à pedagogia. Os fichamentos, repetidos várias vezes, criam no aluno o reflexo condicionado de repulsão pelo livro.”
Como brilhantemente descrito por Rubem Alves, a proposta da Biblioteca do Mel, conforme descrito nas etapas, é fazer com que as crianças participem ativamente do processo, construindo sua apreciação literária, e manifestando-se de acordo com sua vontade, e não por mera imposição.
Produto compartilhado com as crianças (produto final)
Confecção e exposição de um livro de indicações literárias.
OBJETIVO GERAL:
Ampliar gradativamente o interesse e prazer pela leitura e escrita, conseqüentemente favorecendo sua oralidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Narrar histórias utilizando recursos expressivos próprios.
- Emitir opiniões próprias sobre um assunto.
- Relatar fatos e histórias com sucessão ordenada de acontecimentos.
- Levantar hipóteses sobre a escrita.
- Escrever o próprio nome sem auxílio do crachá.
- Compreender o uso da carteirinha e empréstimo de livros.
- Manusear e escolher o livro de sua preferência.
- Ampliar o repertório de histórias.
- Digitar os títulos levados para casa no Kidsmart.
Tempo estimado: 8 meses
Material necessário:
- Todos os livros da biblioteca do CMEI
- Carteirinhas da biblioteca
- Sacolinhas da biblioteca
- Máquina fotográfica
- Computador
- Impressora
- Diferentes suportes e riscantes
- Portfólio anual dos nomes
Desenvolvimento
Etapas prováveis
1ª etapa – realizar a leitura de livros previamente selecionados (atividade permanente diária). Explicar sobre o empréstimo de livros e a participação dos pais nesse processo.
2ª etapa – propor diariamente a leitura feita pela criança, bem como propiciando diferentes livros no cantinho (atividade permanente diária). Semanalmente propondo a “Árvore da Leitura”. Árvore da leitura consiste em pendurarmos livros em ambiente externo e agradável, usamos elástico e colocamos em uma árvore lindíssima de cerejeira com bancos ao redor. Em anexo um texto sobre esse trabalho e algumas fotos demonstrativas.
3ª etapa – relembrar algumas histórias lidas no primeiro bimestre e realizar uma roda da conversa onde as crianças manifestem suas preferências, lembrando buscar o nome da história e seus autores.
4ª etapa – leitura dos livros preferidos.
5ª etapa – dar vida a dois livros. Após a leitura de Jujubalândia, de Mariana Caltabiano, dar pacotinhos com essa bala para as crianças, em outro dia, dar pipoca depois de ler O trenzinho do Nicolau de Ruth Rocha, como sendo a pipoca feita e deixada lá no CMEI pelo personagem Nicolau.
6ª etapa – resgatar as atividades realizadas, perguntar se já estão preparados para o empréstimo de livros.
7ª etapa – visita a biblioteca do CMEI.
8ª etapa – acompanhar a confecção da carteirinha, inclusive tirando foto 3x4.
9ª etapa – construção coletiva dos combinados para o empréstimo de livros.
10ª etapa – enviar bilhete aos pais lembrando o que foi dito na reunião sobre a biblioteca, pedindo auxílio no que diz respeito a preservação e leitura com o filho no fim de semana.
11ª etapa – visita do mascote, para incentivá-los ainda mais nos cuidados com o livro. O mascote vivo é um coelho da raça Lion que visita as crianças mensalmente, com o objetivo de incentivar as crianças ainda mais no cuidado que devem ter com o livro que levam para casa. Abaixo dos combinados do projeto temos três fotos grandes do mascote a fim de não esquecermos que ele está observando nosso comprometimento com esse bem tão precioso: o livro!
12ª etapa – início do empréstimo semanal. Todas as crianças levam na sexta-feira juntamente com a sacolinha e deverão devolver na segunda-feira.
13ª etapa – dar oportunidade a criança de falar sobre a história ou contá-la aos demais colegas nas manhãs de segunda-feira.
14ª etapa – realizar a leitura de várias versões de uma mesma história.
15ª etapa – Digitar todos os títulos levados para casa no primeiro e segundo semestres.
16ª etapa – Imprimir a ficha digitada pela criança, contendo o nome de todos os títulos, tentando relembrar cada livro.
17ª etapa – Ir até a sala de leitura, e rever as capas dos livros que a criança já levou para casa.
18ª etapa – a criança dirá qual seu livro preferido e o motivo, tendo o auxílio do professor como escriba, a criança fará um desenho nessa folha e no segundo semestre realizará um livro de indicações literárias e deixar a disposição para que a turma do Maternal III venha conhecer os livros preferidos da turma do Pré.
Avaliação
Observar o interesse, participação, cuidado e ampliação da responsabilidade por parte das crianças, bem como o envolvimento dos pais e a comunidade como um todo, construindo o interesse pela leitura tendo como base as relações afetivas. Expressar-se através da fala relatando sua preferência por uma determinada história, confeccionando o livro de indicações literárias, através do próprio desenho. Reconhecer as inúmeras possibilidades de uso do Kidsmart.
Àrvore da leitura
“Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – que esqueci. Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore ou para o curioso da simetria das folhas. Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam. As palavras só tem sentido se nos ajudam a ver melhor o mundo. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.” Rubem Alves
As equipes do Maternal III e Pré promovem semanalmente uma prática que intitulamos “Árvore da leitura”, com o propósito de proporcionar o contato com a escrita através de uma atividade diferenciada. As crianças encontram livros pendurados com elástico em uma das árvores do parque do CMEI Jequitibá. Mas, não trata-se de uma árvore qualquer, e sim , uma cerejeira. Temos o intuito de propiciar duas belezas em conjunto, as flores e palavras, e como mencionado na citação acima, é uma grande oportunidade de amplamente ver o mundo melhor!
Há grandes histórias a respeito dessa árvore originária do Ocidente. Trata-se de uma flor que representa a fartura e o amor. A lenda expõe que quem a possui nada lhe faltará na vida. Para nós, desejamos às crianças não somente uma prática literária, mas sim a conquista e construção de seu próprio aprendizado e que nunca lhes falte o desejo de aprender.
“Tudo que se ensina à criança a impede de inventar ou de descobrir”. Jean Piaget.
Optamos por esse trabalho externo justamente para que possamos nos “distanciar”, permitindo a cada um a descoberta, invenção, reinvenção, reestruturação e novas experiências, individualmente e em grupo.
Pretendemos colher os frutos dessa prática... Tão benéfica às crianças.
No desenho Mulan o pai juntamente com sua filha, sentados abaixo de uma cerejeira, ele estava tentando explicar à filha o ritmo da natureza, que estava envergonhada por tê-lo decepcionado, pegou nas mãos uma flor que se soltou da árvore de cerejeira e lhe disse: “A flor que desabrocha na adversidade é a mais rara e bela de todas.”
Assim como o pai da Mulan, desejamos que nos alunos aprendam com prazer e tenham a oportunidade de ter seu tempo respeitado, admirando os livros e a natureza simultaneamente, assim como ocorre com a vida.
